Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas & Tecnologia
Data: 27/12/2007
Estado: SP
Hora: 06:09:42
Independentes se inspiram em modelo europeu
Ainda em conflito com as montadoras, os fabricantes de componentes que não fornecem para a indústria automobilística decidiram buscar no modelo de organização europeu mais uma forma de ganhar espaço no disputado mercado de reposição.
Em visita ao Brasil, o italiano Alberto Olati, que integra a mobilização dos fabricantes de peças independentes naquele país, diz que essa discussão já dura 20 anos na Europa. Diante das diferenças de interpretação do assunto em cada país, a discussão foi encaminhada ao Parlamento Europeu na tentativa de unificar as regras no continente, por onde rodam cerca de 250 milhões de veículos.
No Brasil os fabricantes independentes se organizaram há cerca de um ano em uma entidade, a Anfape, hoje com 42 associados. Essas empresas tentam impedir os fabricantes de veículos de patentear componentes externos, como capôs, pára-choques, faróis e espelhos retrovisores.
O grupo recorreu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) depois que, com base na Lei de Patentes, Volkswagen, Fiat e Ford começaram a enviar notificações aos fabricantes independentes. Houve até casos de apreensões de moldes de autopeças por meio de mandados de busca.
Olati diz que as montadoras repetem no país o que há anos tentam na Europa. "A patente vale para o carro, um produto novo e original, mas não faz sentido num pára-choque", afirma Olati.
Segundo ele, "uma peça como essa só tem valor estético quando integrada ao automóvel; não sozinha". Olati lembra que o proprietário de um automóvel gosta do carro e não da peça e ele só a compra quando precisa trocar a original em razão de um acidente, por exemplo. "Quando você bate o carro, simplesmente quer que ele volte a ser como antes, sem se importar com as peças que têm de ser trocadas", afirma.
Segundo Olati, os produtores independentes europeus também oferecem preços mais baixos. O mercado de peças de reposição na Europa soma negócios em torno de 44 bilhões de euros por ano.
No Brasil, as diferenças chegam a 40% a 50%, segundo Renato Fonseca, presidente da Anfape. A representação que a Anfape enviou para o Cade está sob a análise da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça. A Anfape representa exclusivamente empresas que não fornecem para os fabricantes de veículos.